CAPÍTULO SEIS
❛ pathetic ❜

— ENTÃO, DE ONDE você é, Ellis? — Bella perguntou enquanto se sentava no sofá. Claro, ela não estava sozinha. Edward ficou em silêncio atrás do sofá, fingindo assistir à TV que exibia algum tipo de esporte. Enquanto Jasper estava sentado em uma poltrona com um tabuleiro de xadrez disposto na frente dele. Ele estava jogando contra Emmett, que estava do outro lado da casa. Para compensar isso, Edward faria uma jogada em nome de Emmett.

— Inglaterra. — Ellis cantarolou, mantendo a voz nivelada. Ele estava encostado no braço do sofá oposto, imitando a posição humana com facilidade. — Devon para ser preciso. Eu morava em uma vila perto de Exeter. Meus pais e eu estávamos de férias na Flórida para visitar minha tia e meu tio. Infelizmente, minha tia e meu tio moravam em uma área isolada, o que tornava mais fácil para Victoria atacar. — ele sentiu sua mão descer até seu pulso direito, onde estava sua pulseira de dentes. Seus dedos acariciaram cada canino, acalmando-se enquanto a pequena quantidade de memórias passava por sua mente. Jasper levantou uma sobrancelha para o movimento antes de voltar para sua prancha.

Bella pegou a ação. Seus olhos humanos franziram enquanto ela tentava entender o que Ellis estava fazendo. — O que é isso na sua pulseira? — ela perguntou sem pensar.

Ellis se inclinou levemente em sua direção, os lábios se alargando para expor seus dentes. — Tem certeza de que quer saber? — ele sorriu, desafiando-a a perguntar.

Bella piscou, se afastando e franzindo o cenho. Ela ainda estava desconfortável perto dele, mas obviamente tinha confiança suficiente em Edward para protegê-la. Isso foi inteligente. — Você vai me contar ou não? — ela agora estava um pouco irritada.

— São dentes. — Jasper falou sem olhar para cima. — Dentes de vampiro. Provavelmente de todos os recém-criados que você matou.

Ellis olhou fixamente para o loiro. Ele ainda tinha sentimentos mistos sobre os Cullen. Ele não os odiava o suficiente para machucá-los, ele estaria morto se tentasse. Mas eles ainda não estavam em sua lista de amigos. Ellis aprendia rápido e se havia uma coisa que morrer lhe ensinou, era não confiar em ninguém.

— Você tira toda a graça das coisas, Jasper. — Ellis fez beicinho. Ele se levantou e começou a ir em direção à porta, querendo um pouco de ar fresco. O cheiro humano estava se tornando enjoativo. Edward e Jasper não o impediram.

Uma vez fora da porta, Ellis se empoleirou na beirada da varanda. Trazendo os joelhos até o peito, ele enrolou os braços em volta das pernas e deitou a cabeça no joelho. A posição não era desconfortável, mas ele também não encontrou o conforto familiar que costumava sentir nela.

Um cheiro reconhecível, água misturada com o cheiro de árvores e cachorro molhado, encheu suas narinas e ele franziu a testa. Passos soaram e um par de pernas bronzeadas apareceu no canto de sua visão. O jovem lobo, que Ellis agora se lembrava de se chamar Seth, sentou-se ao lado dele e estendeu a mão. Ele estava vestido apenas com um par de shorts jeans sujos.

Ellis se virou e olhou para a palma estendida.

— Achei que deveria me apresentar. — Seth deu a Ellis um sorriso fácil e caloroso. — Meu nome é Seth Clearwater. Acabei de fazer quinze anos. É um prazer conhecê-lo.

— Como você já sabe, eu sou Ellis Francis. E eu vou ter quinze anos para sempre. — Ellis mordeu o lábio para não rir. O garoto estava obviamente nervoso, o que era bem fofo. Cautelosamente, ele lentamente estendeu sua própria mão. As pontas dos dedos deles se tocaram, um choque de quente e frio que fez Ellis recuar um pouco, antes de cuidadosamente colocar sua palma na do outro. Ele deu um rápido aperto na mão antes de recuar apressadamente.

O calor intenso que emanava de Seth fez Ellis sentir como se sua palma tivesse sido queimada. Ele estava tão acostumado a sentir frio que nem notava mais. Mas o calor do toque de Seth o fez sentir como se estivesse tocando fogo. Era um pouco viciante.

Seth sorriu como se tivesse ganhado na loteria. Seu entusiasmo radiante na conversa surpreendeu Ellis. De qualquer outra pessoa, a atenção teria feito Ellis se sentir desconfortável e estranho. Mas, por algum motivo, Seth o fez se sentir mais à vontade. Talvez fosse algo em seus olhos de mel, a maneira como ele olhava para Ellis como se tivesse pintado o céu, que não o fez se sentir tão desconfortável. Fosse o que fosse, Ellis achou estranho.

— Então, me fale sobre você. — Seth disse esperançoso.

— Você já sabe que eu me tornei um vampiro. — Ellis começou.

— Não. — Seth balançou a cabeça. — Sobre você. Quaisquer hobbies que você tenha, gostos, desgostos. Cores favoritas, lugares. Coisas assim. Quero te conhecer.

Isso estava ficando cada vez mais estranho para Ellis. Aqui, estava um garoto que podia se transformar em um lobo do tamanho de um carro e que podia arrancar sua cabeça com uma mordida, querendo conhecê-lo. Definitivamente uma situação totalmente normal.

— Hum. — Ellis realmente se viu gaguejando levemente. Se ele fosse humano, ele estaria corando. — Minha cor favorita é um marrom dourado, como mel. Essa também era minha comida favorita quando eu era humano. Eu costumava desenhar e tocar violoncelo. Ainda não tenho certeza sobre meus gostos ou desgostos.

Seth o observava com um olhar carinhoso, seus olhos absorvendo cada pequeno detalhe. Isso realmente deixou Ellis bastante nervoso. De repente, um olhar de pura irritação se espalhou pelo rosto de Seth e ele se levantou.

— Desculpe, mas preciso ir. Minha irmã está me ligando. — ele se desculpou.

Ellis sentiu-se estranhamente um pouco triste. — Hum, tudo bem. — ele disse.

— Vamos conversar de novo, ok? — Seth sorriu para ele mais uma vez antes de se afastar para as árvores. Houve um som orgânico e Ellis teve um vislumbre do brilho de seu pelo dourado antes que ele desaparecesse.